Se tem algo que aprendi ao longo do tempo, é que pequenas falhas em práticas envolvendo descarte de resíduos em ambientes de saúde podem resultar em grandes problemas. Quando converso com profissionais da área, escuto relatos frequentes sobre dúvidas e desafios. Sabe aquele receio de vacilar em uma etapa simples? Basta uma distração para surgirem consequências para a saúde e o meio ambiente. Por isso, quero compartilhar os 7 erros mais comuns que vejo acontecerem na rotina do gerenciamento de resíduos de hospitais e clínicas em 2025. Muitos deles passam despercebidos, mas impactam toda a cadeia de cuidado.
1. Separação incorreta dos resíduos já na geração
Eu mesmo já presenciei situações em que resíduos de diferentes naturezas, como luvas descartáveis, seringas e material contaminado, vão parar juntos no mesmo saco. A pressa na rotina, associada à falta de orientação visual eficiente, é um convite ao erro.
Quando não existe uma separação clara por tipo e classe, o risco aumenta: tanto para quem manuseia, quanto para quem coleta e transporta. Infectantes misturados com recicláveis, ou lixo comum junto de objetos perfurocortantes.
Materiais descartados sem critério podem gerar acidentes, contaminações e dificultar o manejo posterior.
Por isso, defendo que a sinalização correta dos recipientes e treinamento frequente sejam prioridades básicas em qualquer estabelecimento da saúde.
2. Falta de capacitação constante das equipes
A primeira vez que participei de um treinamento sobre descarte de resíduos, percebi o quanto sabia menos do que imaginava. Ao longo do tempo, notei uma tendência: acreditamos que basta uma capacitação inicial e pronto, todos estão aptos para sempre. Mas não é assim.
Mudanças na legislação, novos produtos, alteração nas rotinas... Tudo exige atualização. Equipes desinformadas repetem práticas inseguras por desconhecimento. Uma reciclagem anual já faz diferença, mas pequenas oficinas trimestrais podem ser o detalhe que falta para minimizar erros.
A atualização nunca sai de moda.
3. Armazenamento inadequado ou improvisado
O espaço reservado para resíduos dentro de hospitais deveria ser seguro, sinalizado e ventilado. No entanto, em dezenas de visitas, vi pilhas de sacos em corredores ou até mesmo resíduos acumulados próximos a áreas de circulação de pacientes.
O uso de áreas improvisadas facilita vazamentos, acidentes e o manuseio incorreto de materiais perigosos.
Além disso, a ausência de controle de acesso a esses locais termina expondo mais pessoas aos riscos. Não é raro encontrar recipientes abertos ou mal lacrados por puro descuido no armazenamento.
4. Falhas no transporte interno dos resíduos
Quando falo de transporte, penso primeiro na circulação entre setores dentro do próprio serviço de saúde. Muitas vezes, vejo que o trajeto é feito fora dos horários preestabelecidos, utiliza corredores cheios ou carrinhos inadequados.
Essas falhas resultam em contato indevido dos resíduos com superfícies limpas, pacientes ou visitantes. Imagine só: um recipiente de material biológico sendo levado à vista de todos, sem vedação, vazando por falta de manutenção. Situações assim são perigosas, mas incrivelmente comuns.
A pressa nunca é desculpa para o improviso.
5. Registro e rastreabilidade deficientes
Em 2025, muitos estabelecimentos de saúde já contam com sistemas digitais para anotar geração e destino dos resíduos perigosos. No entanto, encontrei diversos casos em que anotações são feitas apenas “por cima”, sem rigor, ou mesmo deixadas para o final do expediente, quando a memória já falha.
Sem um histórico detalhado do fluxo dos resíduos, não há como garantir a segurança nem atender exigências legais.
Muitas vezes, vi setores inteiros dependendo de folhas soltas e listas manuais, que facilmente se perdem ou são esquecidas numa gaveta.
6. Desprezo pelas legislações atualizadas
É comum ouvir: “sempre funcionou assim”. Porém, regulamentações ambientais e sanitárias mudam, e ignorá-las raramente termina bem.
Já presenciei notificações graves e até multas pesadas por conta de descumprimentos, que poderiam ser evitados com uma simples checagem das mudanças institucionais e um ajuste rápido nos protocolos internos.
O cuidado na saúde dos profissionais reflete também na cultura de respeito à legislação ambiental.
Adaptações, quando realizadas antes de qualquer fiscalização, mostram compromisso real e reduzem o risco de penalidades futuras.
7. Subestimação dos resíduos químicos e perfurocortantes
Entre tudo que já observei no dia a dia hospitalar, o descuido com resíduos químicos e objetos perfurocortantes sempre me chamou atenção.
Produtos como medicamentos vencidos, ampolas quebradas e agulhas são tratados por muitos como lixo comum, até pela ausência de recipientes exclusivos em alguns setores. O contato acidental com esses resíduos pode causar complicações graves à saúde e ao meio ambiente, como poluição do solo e água.
Perfurocortantes nunca devem ser negligenciados.
Como evitar esses deslizes e fortalecer a segurança?
Agora, depois de tanta experiência trocada com profissionais e gestores, acredito que o segredo está na cultura coletiva e no comprometimento diário. Não existe receita mágica, mas algumas ações sempre trazem resultados melhores:
- Investir em capacitação e reciclagem constante do time.
- Revisar os processos internos periodicamente, adaptando para novas exigências.
- Implantar sinalização clara e recipientes adequados em todos os pontos de descarte.
- Controlar e documentar cada etapa, desde a geração até a destinação final dos resíduos.
- Dialogar e escutar a equipe, identificando pontos de dúvida ou insegurança na rotina.
Tenho visto, inclusive, bons resultados surgirem quando líderes criam programas de conscientização, usando histórias reais e exemplos práticos nas reuniões da equipe.
Conclusão
Se pudesse resumir tudo o que já aprendi e observei no cenário da saúde, diria que muita coisa passa despercebida por pura rotina ou descuido. Os erros no manejo dos resíduos de hospitais, clínicas e laboratórios não são complexos, mas se acumulam rapidamente quando subestimados.
Mudanças simples no dia a dia previnem acidentes, melhoram a segurança e cumprem com as exigências legais atuais.
Meu conselho? Olhe para seu ambiente de trabalho com lentes críticas, questione as práticas antigas e incentive discussões abertas sobre melhorias. Só assim conseguimos, de verdade, proteger quem cuida e quem é cuidado.
Perguntas frequentes sobre manejo de resíduos hospitalares
O que é manejo de resíduos hospitalares?
O manejo de resíduos hospitalares é um conjunto de práticas e procedimentos para lidar com todo tipo de rejeito gerado por serviços de saúde, desde a hora da geração até a destinação. Isso inclui separar, acondicionar, transportar, tratar e descartar resíduos dos hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias e outros estabelecimentos do setor. O objetivo é proteger tanto pessoas quanto o meio ambiente, seguindo normas técnicas e sanitárias.
Quais são os principais erros nesse manejo?
Os problemas mais comuns que já testemunhei incluem: mistura inadequada de resíduos diferentes, ausência de treinamento constante das equipes, armazenamento em locais impróprios, transporte interno feito de forma insegura, registros incompletos, descumprimento da legislação vigente e ignorar os riscos dos resíduos químicos ou perfurocortantes.
Como evitar contaminação com resíduos hospitalares?
Para reduzir o risco de contaminação, recomendo seguir regras básicas: fazer a segregação correta desde a origem, usar recipientes próprios e sinalizados, garantir treinamento frequente para os profissionais, manter ambientes e equipamentos limpos, além de controlar quem acessa as áreas de armazenamento. O ponto-chave é nunca manusear resíduos perigosos sem EPI apropriado.
Quais resíduos hospitalares exigem maior cuidado?
Os que mais exigem atenção são os biológicos contaminados (como gazes, materiais de curativos, sangue), os perfurocortantes (agulhas, ampolas quebradas), resíduos químicos (medicamentos vencidos, solventes) e rejeitos radioativos (em hospitais que usam medicina nuclear). Cada categoria deve ter processos separados de descarte e transporte.
Como deve ser o descarte correto em 2025?
Em 2025, o descarte correto envolve separação criteriosa na origem, uso de recipientes próprios e resistentes, transporte seguro (interno e externo) e destinação final em locais licenciados ambientalmente. Além disso, a rastreabilidade digital dos resíduos e adoção de processos que reduzem impacto ambiental já são realidade na maior parte dos serviços de saúde.
